Categoria:Artigo
Autor:Juliana Maya
Fonte:Agência Brasil
Brasília - O juiz da comarca de Estreito, do Tribunal de Justiça do Maranhão, Gilmar de Jesus Everton Vale, concedeu na noite de ontem (11) liminar de manutenção de posse da Usina Hidrelétrica de Estreito, na divisa entre os estados de Tocantins e do Maranhão. O local foi ocupado por cerca de 400 pessoas que impedem a passagem dos funcionários e, por causa disso, as obras estão paralisadas desde a manhã de terça-feira. De acordo com a liminar, a polícia poderá ser chamada para garantir a retirada dos manifestantes. O grupo, formado por ribeirinhos, agricultores, pescadores, barqueiros e barraqueiros, reivindica um fórum de discussão sobre os impactos daconstrução da hidrelétrica para a população da região. O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens no Maranhão, Cirineu Rocha, disse, entretanto, que a notícia da liminar ainda não chegou ao acampamento e que as pessoas só sairão de lá depois de concretizadas as discussões. Segundo ele, na noite de ontem, um dos manifestantes foi atingido na perna por um tiro disparado por um dos seguranças da obra. O ferido está no Hospital Municipal de Estreito para retirada da bala.Segundo os manifestantes, as obras da Usina Hidrelétrica de Estreito exigem a retirada das famílias que ocupam áreas próximas ao Rio Tocantins, e elas não aceitam a proposta feita pelo Consórcio Estreito Energia (Ceste), responsável pelo empreendimento. Cirineu informou que a Ceste ofereceu a cada família R$ 35 mil ou 12 hectares de terra em outra área.Os manifestantes afirmam que a indenização é muito inferior a outros acordos realizados em casos semelhantes, como o da Usina Hidrelétrica de São Salvador, no sul de Tocantins. O antropólogo Jaime Siqueira, coordenador da organização não-governamental (ONG) Centro de Trabalho Indigenista, acenou com a possibilidade de índios das etnias Krahô e Apinajé se juntarem ao movimento, por causa da preocupação com os impactos ambientais e culturais da obra."Há uma grande quantidade de pessoas chegando a Estreito, não só para trabalhar na obra, mas também por conta dos serviços que estão surgindo em função da [construção da] barragem. Então, esse será certamente o principal impacto para as terras indígenas: um aumento do número de invasões e a pressão de gente no entorno das terras", disse o antropólogo. Em nota, o Ceste afirma que cerca de 200 manifestantes bloquearam a entrada de acesso ao canteiro de obras, pondo em risco a segurança de aproximadamente 2 mil trabalhadores. A Ceste diz também que grande parte dos ativistas é de outro município, fora da área de abrangência do empreendimento.A usina faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo em janeiro do ano passado.O Consórcio Estreito Energia (Ceste), responsável pela obra, é formado pelas empresas Vale, Alcoa Alumínio, Billiton Metais (BHP), Camargo Corrêa Energia e Tractebel.
Quem lê este artigo, também lê:
Sobrenatural: a vida de William Branham
800 anos mas com corpinho de 290
Uma plástica no Urutu
regime para o cérebro
Sites parceiros: